Resenha (050): A culpa é das estrelas

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Resenha (050): A culpa é das estrelas

Título original: The fault in our stars (GREEN, John)
Gênero: Romance
Editora Intrínseca, 288 páginas.

Bom pessoal, depois de todo o estardalhaço em volta desse livro - e a minha curiosidade a respeito do mesmo, que cada vez aumentava mais - e o investimento pesado no marketing, finalmente adquiri A culpa é das estrelas. E hoje, venho aqui resenhá-lo. Bom, vamos ao que interessa!

A história é narrada pela adolescente de 16 anos chamada Hazel Grace, que aos 13 descobrira uma metástase sem seus pulmões. Graças a um tratamento que tem como princípio o uso de uma droga, que acaba estagnando o desenvolvimento da metástase, Hazel tem a promessa de prolongar sua vida por mais um tempo.

Por influência de seus pais - principalmente por parte de sua mãe -, Hazel passa a frequentar um grupo de apoio a jovens com câncer. Tudo corria de forma monótona nas sessões (bem como em sua vida), até que Hazel conhece Augustus Waters - amigo de Isaac, um menino que tinha um tipo raro de câncer no olho e também fazia parte do grupo -, um rapaz muito bonito, de dezessete anos, ex jogador de basquete que removera sua perna devido a uma osteosarcoma. A partir daí, a vida de Hazel muda drasticamente.


Tudo começa com uma amizade, uma amizade extremamente forte. Hazel apresenta a Gus seu livro favorito - Uma Aflição Imperial -, que conta a história de uma garotinha, também com câncer, chamada Anne. O que há de belo no livro, é que ele não é terminado: narrado por Anne, ele termina no meio de uma frase. O que nos dá a entender o quão incerta é a vida. Chega a ser contraditório o fato da vida ser tão incerta e a morte ser a única certeza que temos. A certeza mais incerta de todas, pois nunca saberemos quando ela virá. Apenas sabemos que ela virá, e isso já basta.
Gus também acaba se tornando um fã da obra. E a partir daí, os dois planejam realizar o que talvez tenha sido a maior aventura de suas vidas. Mas isso eu não vou contar, né?

Não preciso dizer que isso tudo resulta em um romance - até porque está bem na cara. Mas, diferente do que estamos habituados a ver, entre tantos romances clichês, cheios de romantismo exagerado, Hazel e Gus são adolescentes que encaram suas vidas de uma maneira diferente das pessoas em volta deles, que carregam consigo aquele velho discurso de "coitados, eles tem câncer... o que poderíamos fazer para amenizar isso?". São jovens muito bem humorados, ácidos eloquentes e inteligentes, e é muito prazeroso ler os diálogos entre os dois.

Confesso que A culpa é das estrelas foi um dos maiores paradoxos que eu conheci em se tratando de livros. O marketing exagerado em cima da obra, as inúmeras críticas que só diziam maravilhas a respeito da mesma só fizeram com que a minha curiosidade e expectativa aumentassem. E, analisando a partir daí, o livro tinha tudo para ser uma decepção para mim: não, eu não chorei e não fiquei pedindo mais.
E como um livro assim acaba se tornando um dos meus favoritos? É porque eu não me decepcionei com a obra, e sim com a propaganda exagerada em cima dele.

Eu não chorei, porque tenho minhas dúvidas se é essa a reação que o John Green gostaria de causar nos leitores quando escreveu esse livro. Quer dizer, não é só mais uma história de dois adolescentes e sua luta árdua contra o câncer. Ele não quis passar a mensagem de "nossa, que jovens guerreiros, e você aí reclamando dos seus problemas". Talvez por isso que muitas pessoas se decepcionem ao lê-lo, por esperarem mais uma história de amor, superação e blá blá blá blá (confesso que até eu esperava isso do livro).
Hazel e Gus eram adolescentes como qualquer outro e, apesar de suas limitações, faziam o possível para viverem suas vidas. Tanto que uma parte dos questionamentos de Hazel ao longo da trama é que quando ela se fosse, não  gostaria de ser lembrada como aquela que lutou contra o câncer. Ela queria ser lembrada como Hazel, apenas Hazel. Quer dizer, pode haver pessoas que realmente se emocionem lendo o livro, mas a mensagem que eu captei dele com relação a doença dos dois, foi essa. E é justamente a ideia de que por trás de toda uma luta (o que é algo natural do ser humano, querer viver), há uma pessoa com seus defeitos e qualidades é que torna o livro impactante de certa forma.

E eu não fiquei pedindo mais, porque A culpa é das estrelas é aquele tipo de livro que deve ser eternizado da forma como veio, assim como Uma aflição imperial, o livro que Hazel mais gosta, que termina no meio de uma frase. É algo que, independente de todas as dúvidas que possam haver ao terminar o livro e por mais que queiramos uma espécie de continuação, deve ser preservado da forma que é. É aquele velho ditado: se melhorar estraga. Acho que essa quote de Hazel exemplifica bem o que eu quero dizer:

"Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que os outros... Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter."

Infelizmente o infinito que A culpa é das estrelas nos proporciona é menor do que realmente gostaríamos que fosse. Adaptando uma frase da própria Hazel, encerro a resenha de hoje: Sinceramente? Sou inteiramente grata por esse infinito, apesar de pequeno.

Avaliação final: 5/5

Bom, por hoje era isso. Até a próxima, pessoal! E não deixem de comentar.

6 comentários:

  1. Por todo esse marketing em cima do livro e as puxações de saco ao John Green esperava realmente por um livro explicitamente motivacional, foi bom tu esclarecer que não é bem assim, só agora fiquei com vontade de ler. Ótima resenha Yasmim!

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  2. Se eu tivesse me deixado levar por todo o marketing exagerado em cima do livro e do John, eu no mínimo teria odiado o livro em questões de decepção. Mas é muito melhor do que as pessoas dizem, traz uma mensagem muito mais profunda, e não apenas um livro superficial mostrando um exemplo de garra e perseverança. Lê mesmo, depois me diz o que achou dele. :D

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  3. Yasmin, essa propaganda excessiva como se esse fosse o melhor livro do mundo me irritou também. Ele não é tudo isso, nao mesmo. Compartilho da mesma opinião que a sua ... não curti tanto ele.
    Beijos
    www.descobrindolivros.blogspot.com.br

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  4. Pois é! A propaganda foi muito excessiva - pra não dizer abusiva. Eu até curto esses livros que possuem um cunho motivacional e tal, tanto que me empolguei em ler ele. Mas quando comecei a leitura, logo percebi que não se tratava de nada do que os outros diziam. Tive de me desligar ao máximo do estardalhaço todo para não me decepcionar com o livro. No fim eu acabei gostando, e muito. É um ótimo livro.


    Obrigada por comentar, e não deixe de nos acompanhar. ;)

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  5. Ótima resenha, Yasmim.
    Quando foi lançado, A Culpa é das Estrelas me despertou uma curiosidade faminta, mas o marketing foi tão maçante que me deu o efeito contário: quando as pessoas elogiam demais acabo me decepcionando (não, não sei o porquê).
    Mas minha motivação com o livro foi reanimada por ter você dito qual a mensagem que você capitou com a história do J. Green, mensagem esta que me parece muito mais promissora e interessante do que a que tantos afirmaram: emocionante, lindo, sobre superação e blá, blá, blá...
    sete-viidas.blogspot.com

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  6. Sim! É exatamente isso... muitas pessoas se decepcionaram com o livro devido a isso, e deixaram de enxergar o real significado dele. Que bom que eu proporcionei uma visão diferente a respeito dele! Não sei se é o certo. Não sei nem se tem um certo ou um errado, mas foi o que eu captei, o que eu senti lendo ele.


    Obrigada por comentar, e não deixe de nos acompanhar. ;)

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