Resenha (042): Sangue de Lobo

terça-feira, 7 de maio de 2013

Resenha (042): Sangue de Lobo

Titulo: Sangue de Lobo
Autoras: RIOS, Rosana; GOMES, Helena. 
Gênero: Fantasia/Literatura Juvenil
Editora Farol/DCL, 520 páginas.

O ano é 2010 e a cidade é São Paulo. Duas meninas, Ana Cristina e Cristiana estavam a jogar RPG (Role-Playing Game) com seus amigos, quando a cena de um assassinato é descrita: uma jovem jazia em sua cama com um véu sob o rosto, os cabelos tosados e uma perfuração no peito. E a campanha cessa por aí, quando a mãe de Cristiana, Luziete, dá a partida por encerrada ao chamar as duas meninas. Elas estavam se preparando para viajar até Passa-Quatro, uma pequena cidade ao sul de Minas Gerais, junto com os pais de Ana Cristina, o bem sucedido advogado Irineu e sua esposa Ludmila.

O que deveria ser uma viagem a passeio, visando muito descanso e diversão, acaba tornando-se um pesadelo. Pesadelo esse que dá-se início no momento em que as duas jovens encontram, no pequeno museu do restaurante da cidade, um antigo original de um livro intitulado Coração Selvagem, que conta a história de Hector.


Início do século XX: Hector é um jovem inglês que fora mordido e infectado por um lobisomem. Devido a isso, acaba fugindo do pai e indo parar no Brasil, onde descobre que sua amada Beatrice fora assassinada. A cena é extremamente macabra: O corpo de Beatrice foi encontrado em cima da cama, com um véu cobrindo seu rosto, os cabelos tosados e uma perfuração no peito. A partir desse dia, o propósito de Hector é um só: descobrir quem foi o assassino. E é aí que o lobisomem vai parar em Passa-Quatro, ao se oferecer para dar aulas de inglês à rica família Albuquerque, na esperança de descobrir novos indícios. Lá ele descobre que uma onda de assassinatos está acontecendo na cidade. A culpa recai sob os ombros de Cordélia, falecida filha dos Albuquerque, que morrera sem os cabelos devido a uma grave doença. Todos os assassinatos ocorreram mesmo modo como ocorreu com Beatrice, com uma nova pista: a cada morte, o cabelo de uma das bonecas de porcelana que pertenciam à Cordélia também era tosado e o rosto coberto com um véu.

Para o espanto das meninas, muitas coincidências foram encontradas no decorrer da trama de Hector:
A cena do assassinato, descrita exatamente como seu amigo fizera ao mestrar a campanha de RPG e o fato do local dos assassinatos ocorrerem justamente na mesma cidade onde as duas jovens vieram passar as férias! Ana Cristina e Cristiana, intrigadas com tudo aquilo, resolvem levar o antigo livro para continuarem lendo, uma vez que ficaram curiosas para saber o desenrolar da história de Hector e sua busca pelo assassino.

Mal sabiam as duas meninas que,  100 anos depois, os assassinatos voltariam a acontecer. É aí que passado e presente começam a se misturar a partir do jovem inglês que reside em Passa-Quatro. Jovem esse que, mesmo depois de 100 anos, ainda luta contra a maldição da Lua Cheia.

Encontrei esse livro em uma biblioteca aqui da cidade. Logo de cara a sinopse, o título e a capa me chamaram a atenção. Confesso que de início achei a estória um tanto maçante: antes de passado e presente se unirem, eu gostava e ansiava muito mais pelos capítulos que narravam a história de Hector. Porém, no decorrer da trama a mesma ganha um ritmo acelerado e envolvente, do qual é impossível desgrudar.

Bom, apesar de não ser o primordial em se tratando da estrutura dos personagens, se tem algo que eu gosto é de imaginar como os mesmos são. A meu ver faltou uma melhor descrição com relação à aparência dos mesmos, mas nada que não dê para resolver deixando a imaginação fluir. No mais, cada um dos personagens possui sua personalidade, seus gostos, suas ideias e atitudes. A meu ver isso é crucial para que uma estória não acabe se tornando maçante e previsível, e nesse quesito as autoras capricharam, desenvolvendo personagens com características singulares.

Uma das coisas pelas quais o livro me chamou a atenção foi o fato de envolver RPG na trama. Eu nem havia criado muita expectativa, esperava alguma passagem superficial a respeito, mas quebrei a cara. Claro, o foco do livro não é o RPG em si, e o mesmo não é tratado na trama o tempo todo. Porém, através dos momentos em que as jovens jogam RPG com seus amigos, nota-se o conhecimento das autoras a respeito do jogo. Esses momentos são descritos de forma que faz o leitor se imaginar em uma mesa jogando com os personagens do livro, e eu achei isso muito legal.

Outra coisa que eu achei muito legal, é que devido as diversas pesquisas de Hector visando encontrar a cura para sua licantropia, é possível fazer uma análise a respeito da visão do lobisomem com o passar dos séculos, uma vez que no livro são abordadas diversas lendas a respeito desse ser fantástico.

No mais, o livro é narrado em 3ª pessoa e possui uma escrita que ao mesmo tempo em que é bem elaborada, consegue também ser descomplicada e envolvente. E o melhor: é o tipo de livro que pode ser recomendado a todos os gostos e idades, pois é uma uma mistura de assassinato em série, suspense, RPG, terror, folclore, investigação policial e romance. É tanta informação, tanta riqueza de detalhes que o leitor se vê preso na estória e anseia pelo desenrolar da trama. E digo mais: esse livro é um ótimo passo para quem deseja desenvolver o gosto pela leitura.

Bom pessoal, era isso. Espero que tenham gostado da resenha de hoje. Até a próxima, e não deixem de comentar!

2 comentários:

  1. Ótima resenha! O livro parece bem interessante.

    Mas o autor não tem muita criatividade com nomes pelo jeito... Ana Cristina e Cristiana ficou feio! haha

    Adorei conhecer esse livro através de você, Yasmim! Provavelmente irá para a minha lista de leituras futuras!

    Mais uma vez agradeço pela resenha, e até a próxima! xx

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  2. Também não curti muito alguns nomes de personagens, principalmente das duas meninas! hahahaha


    Que bom que gostou do livro... é realmente ótimo! Depois me diz o que achou. =)


    Abraço!

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